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Saiba o que o Agronegócio ganha com a Reforma Tributária


Teto para tributação, isenção de alimentos e alíquotas diferenciadas agradaram o setor O Agronegócio brasileiro é responsável por cerca de 25% do PIB nacional, o equivalente a R$ 2,6 trilhões de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA). Assim, o setor acompanha com expectativa e preocupação a discussão sobre as leis complementares à Reforma Tributária. O Congresso Nacional aprovou o texto em dezembro de 2023. Leia mais: Agroindústria no Brasil fecha 2023 com crescimento de 0,8%Começa debate que vai regulamentar a Reforma Tributária; Tributos sobre insumos agropecuários estão em jogo A lei uniu cinco impostos federais, estaduais e municipais em uma cobrança única e a transição entre os dois modelos será ao longo dos próximos anos. E essa alíquota é dividida em Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS – federal) e Imposto sobre Bens e Serviços (IBS – estadual/municipal).

 

A Reforma Tributária e 3 vitórias do Agro

O agronegócio venceu algumas batalhas na discussão da Reforma Tributária. Confira três delas:

  • Limite para os produtores rurais não contribuintes –  O produtor que fatura até R$ 3,6 milhões por ano será isento, pois o texto da Reforma Tributária cria um teto para definir os contribuintes.
  • Alíquota zero para a cesta básica –  Os produtos da cesta básica ficam isentos de tributação, mas serão definidos nas leis complementares.
  • Alíquota reduzida para alimentos, insumos e produtos agropecuários –  Os alimentos que não integram a cesta básica têm redução de 60% na alíquota. O mesmo vale para insumos e produtos agropecuários.

Agricultores que faturam até R$ 3,6 milhões estão isentos

O consultor jurídico do  Instituto Pensar Agropecuária (IPA) , Eduardo Lourenço, diz que a principal vantagem para o setor é a isenção dos produtores rurais que ganham até R$ 3,6 milhões por ano. “Essa medida alcança 95% dos produtores rurais brasileiros, que não possuem capacidade financeira de serem tributados sem dificuldades para a própria subsistência”, avalia Lourenço.

Além disso, ele destaca as alíquotas diferenciadas para insumos e produtos agrícolas e, especialmente, para os alimentos. O texto da  Reforma Tributária  define que a tributação dos alimentos corresponderá a 40% da alíquota. Assim, se a alíquota for definida em 25%, a tributação sobre os alimentos chega a 10%. “Uma alíquota reduzida entre 10% e 12% corresponde à manutenção da carga tributária. Além de ser uma evolução, permite que o alimento chegue mais barato para o consumidor”, destaca. 

“A definição dos produtos da Cesta Básica será uma grande batalha. Cada setor vai lutar pelo seu e não dá para atender a todos.”

Pedro Lupion – Deputado Federal – Presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária

Já o presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), deputado federal Pedro Lupion (PP-PR) considera que a autorização da cesta básica é uma vitória importante, pois cria uma lista mais restrita. Ele argumenta que, em algumas regiões, a cesta básica tem 150 itens e alguns produtos nem são alimentos. Por isso, o parlamentar considera ideal uma cesta com 30 a 40 produtos.

O presidente da FPA acredita que o grande impasse para os parlamentares nesse ponto será a definição dos alimentos. “A maior batalha será a definição da cesta básica, porque cada setor vai lutar pelo seu espaço. Vamos precisar de muita habilidade para filtrar tudo, pois não dá para atender e agradar a todos”, afirma. 

Ponto frágil para o Agro é a indefinição da alíquota

O cálculo final da alíquota é o único ponto que ainda causa dor de cabeça para a bancada. Em geral, o produtor rural paga médio 8,5% de impostos atualmente. Por isso, o setor está preocupado que esse índice fique muito acima dos 16%, considerado um limite ideal para não provocar prejuízos. 

O coordenador do Comitê Tributário da  Sociedade Rural Brasileira  afirma que qualquer aumento será equivocado. “É um engano aumentar a tributação para um setor que emprega 25% dos trabalhadores do país e representa mais de 35% do PIB”, afirma Marcelo Guarita. Segundo ele, as vitórias do agro na Reforma são importantes para atenuar o incremento de carga, mas não são suficientes. “O impacto da reforma não terá prazos médios e longos. A transição será um processo custoso e penoso com dois regimes para todos”, diz.

A SRB defende desoneras os itens da cesta básica desde a produção e chama atenção para a exportação: “A partir desse momento a exportação será desonerada? Um regime especial para resolver esse ponto é essencial. Também precisamos definir em quanto tempo os créditos serão devolvidos aos exportadores quando acumulados. Esse regime precisa chegar no produtor que inicia a cadeia e refletir no preço da aquisição”.

Fonte: Agro Estadão

Data: 29/02/2024